quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Se arrumar para quem mesmo?

Lá no trabalho tem a Jéssica, uma gordinha intrometida. Tá, ela não é gordinha, é cheinha. E também não é intrometida, apenas um pouco perguntadeira demais. E ela pergunta sempre as mesmas coisas.

Tô bem? Meu batom tá legal? Meu olho tá borrado? Essa estampa não tá muito escandalosa?

Não seria nada demais. Mas quando ela não está perguntando, ela tá falando dela mesma. De como comentam o sapato novo dela, de como todo mundo quer saber onde ela compra perfume, de como as meninas morrem de inveja das coisas dela. Conversei sobre a Jéssica na terapia. Eu sei que terapia é pra falar da gente e não dos outros, mas quando vi já tava falando. Ou melhor, discursando sobre a Jéssica e suas frases. Deduzi que ela segue a risca aquele clichê que diz que mulher se arruma para as outras mulheres e não para os homens. Mesmo antes de começar a minha mudança pra deixar de ser feia, já não concordava com essa pérola. De que adianta suas amigas morrerem de inveja do seu vestido se quem você quer que preste atenção nele não tá nem aí? Eu tento me ajeitar todos os dias pra um cara me olhar. Ele não olha, eu sei, mas a tentativa persiste.

O terapeuta disse que eu devo me arrumar pra mim mesma, gostar do que vejo no espelho sem me preocupar com os outros. Tá, eu sei disso. Mas será que eu consigo sair de casa do jeito que eu me gosto e ter quem eu gosto gostando de mim? Vixi, fiquei tonta agora. É gostar demais, não é não?

Vou tentar não deixar o sono falar mais alto e levantar da cama num horário que me permita tempo suficiente para dar uma ajeitada na cara. Mas sem grandes ousadias, que eu nunca tive mão firme pra desenhar, quem dirar pra pintar o próprio rosto. E vou dar um tempo nas minhas camisetas brancas e básicas. É chegado o momento de uma corzinha. Talvez verde ou azul marinho.

Será que ele gosta? Sei lá, não importa, contanto que a Jéssica não comente.

Abraços.
Ass: Feia

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Posso começar outra vez?

Esse blog conseguiu a proeza de me tirar do sério. Logo eu que não gosto de perder o jeito na frente dos outros. Se bem que não tem ninguém por aqui, mas mesmo assim me deixa mal. É como se essa tela me vigiasse com os mesmo olhos da minha mãe ao vistoriar minhas coisas antes de eu ir pra escola. Cabelo, ok. Tira esse batom, troca esse sapato e pode ir. Sim, General materno!
Meu primeiro dia na alálise foi tão confuso que não consigo me lembrar de nada. É como um porre, daqueles homéricos, onde a gente não faz idéia do que aprontou no dia seguinte. Lembro de ter começado a conversa tentando me definir mas foi impossível. Eu sou várias mas também posso ser nenhuma. Sou várias quando acredito em Deus e no Diabo e sou nenhuma pro Bruno, por exemplo. E eu não vou explicar quem é o Bruno por enquanto. É cedo demais pra tocar nesse assunto.
Eu fui criada pra ser sozinha. Antes de entrar pra escola, minha convivência se resumia a pai, mão, irmãos e, de 15 rm 15 dias, vovó. Aprendi que devia me virar sozinha. Sabe-se lá quantos tubos de shampoo gastei tentando aprender a tomar banho, quando blusar amassei tentando me vestir e minha mãe sõ olhando de longe, sem dar a mínima pros meus olhares de súplica. Te vira, garota! Deu trabalho, mas aprendi. E ainda tinham os conselhos: nunca dependa de ninguém, ganhe e gaste o TEU dinheiro, use o TEU cartão, etc, etc. Segundo diziam, Dona Martha estava preparando uma mulher independente. Já os colegas de trabalho acham que ela conseguiu foi colocar mais uma solteirona no mundo.
Mesmo com essas aulas de auto-suficiência, consegui ser mais mulher que muitas por aí. Aprendi a cozinhar assim como aprendia a vestir e tomar banho, sozinha, queimando o dedo e quase incendiando a casa. Sempre usei as noites solitárias de sábado e os preguiçosos domingos pra fazer faxina e deixar tudo brilhando. Ainda aprendi a bordar, mas não curto muito. Quer coisa mais brega que bordar enxoval? Aliás, pra que enxoval se eu não pretendo casar? Quer dizer, até pretendo, mas não do jeito dos outros. Ai, melhor parar. Casamento merece um post exclusivo. Isso se não me der na louca de começar tudo outra vez.

Abraços.
Ass: Feia

domingo, 12 de setembro de 2010

Samba, menina!


Tô quase pensando em desistir. Típica frase de mulher em processo de evolução. Mas pensa bem, eu vi minhas longas madeixas irem parar no chão em nome de uma coisa chamada vaidade. Nem sabia que eu tinha isso. Feias costumam achar batom desperdício de tempo. Ainda acho, um pouco. Ficar mais cinco minutinhos na cama ainda me seduz mais do que levantar antes do combinado pra passa um reboco no rosto. Nada demais, que eu também não mudei de personalidade, apenas tô querendo ser mais bonitinha. Vamos a tarefa de hoje: o salto alto.

Casamentos, formaturas, festas. Nunca fui em muitos, mas marquei presenças. Era um tombo atrás do outro. Tava lá, contava um, dois, três, dava uns passinhos e poft! tava no chão. Isso criou um verdeiro pânico de sapatos lindos, maravilhosos e altos. Só que eu tenho que me livrar disso. E comecei comprando um sapato. E treinei. Religiosamente. Chegava do trabalho morta, querendo um banho e um sonhinho, mas o espelho que coloquei do lado da cama (dá uma olhada no posto de baixo pra entender, ok!) não me deixou pensar em outra coisa. Eu vou andar com essa coisa linda nem que seja na porrada! E caminha pra lá, pra cá, pra lá, pra cá...abre a porta da geladeira, mais um passinho. Tira a geléia, o pão e o que sobrou do bolo de laranja, mais uma caminhadinha. Se escora na parede da sala, disfarçadamente. Mentindo pra si mesma que não tá percebendo a dor nos pés. Depois de rodar uns bons quilômetros, percebe que não há nenhum roxo, nenhuma dor e que a embalagem de Gelol vai ficar no armário dos remédios intacta. Consegue andar. Dai arranca aquela coisinha que custou um bom pedaço do salário do mês e se atira no sofá. Ok, aprendi a não cair. Agora precisa da elegãncia. Mas isso fica pra outro dia. Hoje eu só quero uma bacia com água quente, um bom livro e cantar baixinho "balança a pema..."

Abraços.

Ass: Feia

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Mudança de planos


Tá, eu esqueci. Assumo meu erros desde sempre, não ia ser aqui que a coisa ia mudar. Prometi um post sobre óculos e acabei quebrando os meus. Acordei correndo e cataplof! pisei nas lentes. Ou seja, estou trabalhando forçando as vistas e passando o resto do dia com dor de cabeça. Por isso resolvi que o posto sobre óculos vai ficar pra mais adiante. Hoje eu vou falar de espelhos.
Depois da tão esperada sessão salão de beleza, levei um tempo pra me acostumar com a nova cara que encontro todas as manhãs ao acordar. Isso acontece porque eu mudei a posição do espelho no meu quarto. Antes, ele ficava perto da porta, num canto entre o guarda-roupa e a mesinha onde ficavam meus falecidos óculos e os meus livros. Eu só encontrava com ele na hora de me vestir. E mesmo assim, era um encontro formal, quase como reunião de trabalho com chefe mala. Agora resolvi botar medo em mim mesma. Desde que a terapia começou dei nessa loucura de ficar me assustando. É como se eu quisesse me acordar, bu! vamos em frente, etc. Pendurei no espelho do lado esquerdo da cama, que é o lado que eu durmo. Confesso que nas primeiras noites tentei me virar pra evitar de dar de cara comigo mesma antes de pegar no sono. Mas é uma e duas, lá estou eu olhando no fundo dos meus olhos. Não tenho mais as sobrancelhas à lá Martin Scorsese nem o cabelo gigante e cheio de pontas duplas. Confesso que ando gastando mais tempo na seção de perfumaria e penso seriamente em trocar de shampoo. Dizem que sem sal é bom. Eu nem sabia que shampoo tinha sal antes dessa revolução. Tá, podem pénsar que é exagero chamar de revolução um corte de cabelo e uma mudança de visual, mas pra quem é o campo de batalha a coisa é importante.
Espero que essa "surpresa" de me ver todas as manhãs mude para uma situação mais bacana...como olhar nos olhos de...bom, essa eu conto depois.

Abraços.
Ass: Feia

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Aiiiiiiiiiiii!


Cortar o cabelo sempre foi um martírio pra mim. Passo a primeira semana depois do corte tomando sustos quando me deparo com um espelho. Parece que aquela refletida não sou eu. Só que preciso mudar por causa daquela coisa toda que já falei nos outros posts. E ontem foi o dia, depois de quase um mês esperando um horário. Corte e sobrancelha. Mesmo com aquele cheiro bom de shampoo e spray fixador, parecia que eu estava indo pra uma câmara de tortura. Pra evitar a tremedeira, resolvi pagar um mico. Mais um.
-Posso ficar de olho fehcado? - perguntei.
-Claro, querida! Sinta-se em casa - responde o rapaz alegre.
E foi o que fiz. Revivi a minha mania de infância de fechar os olhos e pensar em outra coisa. Lembrei do livro do Jack London que me esperava em casa, da xícara de café suja que eu esqueci na pia, da blusa que eu vi na vitrine e que meu bolso não pode sustentar...
-Tá pronto.
Já? Nem eu acreditei. Parecia que só tinham se passado 5 minutos. Confesso que gostei. Um novo cabelo, mas nada radical, que tornar-se bonita não significa tornar-se louca varrida. A sobrancelha ficou bacana. Pena que vai ficar escondida atrás dos óculos. Ah, amanhã é dia de falar deles.

Abraços.
Ass: Feia

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Novela


Ontem quase subi nas tamancas! E olha que eu não uso tamancas.Nem tamancos, nem nada que me deixe a mais de 5 centímetros do chão. Conheço bem meu eixo de equilíbrio. Pequenininho, o coitado, mas me leva pela vida afora sem grandes problemas. Mas vamos voltar às tamancas.
Cheguei no trabalho (sou bibliotecária, capaz de decorar onde está cada livro em menos de 3 minutos) contando pra todo mundo do meu blog. Quase ninguém deu bola, mas a Rita, que me conhece desde que a gente tem 15 anos, ficou curiosa e sacou o notebook da mochila. Tava tudo muito bem, elogios e tal, mas eu quase me avancei nela depois do seguinte comentário:

- Ah, tu tá fazendo tipo aquela novela da Record...como é que é o nome mesmo...Bela, A Feia. Legal, mesmo sem ser original.

Se eu soubesse dar uma voadora, neste momento eu estaria no hospital segurando a mãe da minha grande amiga Rita enquanto ouvia o relatório do médico. Por favor, não tem nada a ver com a novela. Eu nem vejo novela! Cresci numa casa com pai e mãe revolucionários, nada de TV e nas férias a gente era obrigado a ler Crime e Castigo, que é lindo e eu era a única da casa que curtia esse "castigo". Mas não é de livros que eu estava falando. É que quando eu fico brava, me atrapalho toda e preciso dizer todas as idéias que me surgem na cabeça. Ufa! Deixa eu respirar.
Bom, eu não dei a voadora na Rita. Me contentei com um sorriso amarelo e um "não foi a minha intenção. Em casa, depois de um banho quente pra passar a raiva, lá fui eu pro sofá assistir Tudo sobre minha mãe. Almodóvar é melhor que Lexotan. Mas não conseguia me concentrar, pensando na opinião da Rita. Eu não quis bancar a Bela, A Feia. Pode até não ser original uma menina que cresceu sem grandes atrativos físicos querer mudar, mas e quem disse que eu quero ser original? Já diria Hitchcock que estilo é plagiar a si mesmo. Enfim, fui pro You Tube assistir alguma coisa da novela. Duas ceninhas e eu já estava em busca do último capítulo. Pra variar, final feliz. Que grande bobeira. Nunca que uma mulher feia vai se tornar um avião com um simples corte de cabelo e uma maquiagem pesada. Tem muuuuuita coisa a ser feita. Porque ser feia torna a gente tímida, como se fosse um estorvo em lugares públicos. Ou melhor, torna a gente invisível pros outros. E entre ser invisível e ser estorvo, a gente fica no meio da estrada, tentando trabalhar bem e não incomodar.

Bom, vou sair e tentar ver o filme do Almodóvar com a atenção que ele merece. Amanhã tenho hora marcada no salão: sobrancelha e cabelo. Já tô com medo. Conto tudo pra vocês depois. Aliás, tem alguém aí lendo a minha história?

Beijos.
Ass. Feia

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Oi

Pra variar, não sei por onde começar. Acho que poderia ser me definindo. Mas isso é tão complicado que pode ser o pior caminho. É como aquela dica de professor de começar a prova pelas questões mais fáceis pra depois dedicar um bom tempo às mais difíceis. Aff! Não sei se eu tenho algo fácil pra me descrever, mas lá vai.
Sou uma mulher simples. A minha mãe já devia saber disso, pois numa família onde já haviam as internacionais Jennifer e Natasha, ela resolveu me batizar de Maria. Não porque fosse um nome bonito ou com significado, mas porque era fácil de falar e entender no meio da casa sempre lotada de gente.
Fui uma criança quieta e uma adolescente...bom, melhor nem lembrar. Odeio essa fase da minha vida e sempre que tento pensar nela minhas idéias dão um pulo e passam direto pra vida adulta. Ainda não falei isso na terapia, preciso anotar pra não esquecer. Ah, foi a terapia que me trouxe até aqui. Na verdade bem verdade,foram as amigas. Elas me atucanaram tanto pra cria um blog que eu acabei cedendo. Mas não só por ceder. Tô aqui porque preciso aprender a ser eu.

Podia usar aquela coisa piegas da lagarta que se transforma em borboleta e blá, blá, blá, mas seria o primeiro passo pra um texto ruim. E eu nem gosto de borboleta, se querem saber. Tô aqui porque não me dói mais nem ouvir nem dizer: sou feia. Quero mudar é claro, mas não tenho vergonha de admitir que estou no começo do começo do começo. E conto com a ajuda de vocês. Se é que há alguém do outro lado...tem???

Beijos.
Ass. Feia