segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Novela


Ontem quase subi nas tamancas! E olha que eu não uso tamancas.Nem tamancos, nem nada que me deixe a mais de 5 centímetros do chão. Conheço bem meu eixo de equilíbrio. Pequenininho, o coitado, mas me leva pela vida afora sem grandes problemas. Mas vamos voltar às tamancas.
Cheguei no trabalho (sou bibliotecária, capaz de decorar onde está cada livro em menos de 3 minutos) contando pra todo mundo do meu blog. Quase ninguém deu bola, mas a Rita, que me conhece desde que a gente tem 15 anos, ficou curiosa e sacou o notebook da mochila. Tava tudo muito bem, elogios e tal, mas eu quase me avancei nela depois do seguinte comentário:

- Ah, tu tá fazendo tipo aquela novela da Record...como é que é o nome mesmo...Bela, A Feia. Legal, mesmo sem ser original.

Se eu soubesse dar uma voadora, neste momento eu estaria no hospital segurando a mãe da minha grande amiga Rita enquanto ouvia o relatório do médico. Por favor, não tem nada a ver com a novela. Eu nem vejo novela! Cresci numa casa com pai e mãe revolucionários, nada de TV e nas férias a gente era obrigado a ler Crime e Castigo, que é lindo e eu era a única da casa que curtia esse "castigo". Mas não é de livros que eu estava falando. É que quando eu fico brava, me atrapalho toda e preciso dizer todas as idéias que me surgem na cabeça. Ufa! Deixa eu respirar.
Bom, eu não dei a voadora na Rita. Me contentei com um sorriso amarelo e um "não foi a minha intenção. Em casa, depois de um banho quente pra passar a raiva, lá fui eu pro sofá assistir Tudo sobre minha mãe. Almodóvar é melhor que Lexotan. Mas não conseguia me concentrar, pensando na opinião da Rita. Eu não quis bancar a Bela, A Feia. Pode até não ser original uma menina que cresceu sem grandes atrativos físicos querer mudar, mas e quem disse que eu quero ser original? Já diria Hitchcock que estilo é plagiar a si mesmo. Enfim, fui pro You Tube assistir alguma coisa da novela. Duas ceninhas e eu já estava em busca do último capítulo. Pra variar, final feliz. Que grande bobeira. Nunca que uma mulher feia vai se tornar um avião com um simples corte de cabelo e uma maquiagem pesada. Tem muuuuuita coisa a ser feita. Porque ser feia torna a gente tímida, como se fosse um estorvo em lugares públicos. Ou melhor, torna a gente invisível pros outros. E entre ser invisível e ser estorvo, a gente fica no meio da estrada, tentando trabalhar bem e não incomodar.

Bom, vou sair e tentar ver o filme do Almodóvar com a atenção que ele merece. Amanhã tenho hora marcada no salão: sobrancelha e cabelo. Já tô com medo. Conto tudo pra vocês depois. Aliás, tem alguém aí lendo a minha história?

Beijos.
Ass. Feia

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